segunda-feira, 18 de março de 2013

Rodrigo Simplez



por Natália Oliveira

Num dia difícil, andar pelas ruas e se deparar com um muro inusitado, apreciar a arte por uns segundos e depois seguir sua rotina, com um ar revigorado, esquecendo os problemas aos poucos. Essa é a recompensa para Rodrigo Araújo, mais conhecido com Esy pelos companheiros de arte urbana.
Rodrigo é um estudante de publicidade que tem a arte nas mãos. Bem antes de começar a graffitar, quando ainda era criança, já desenhava e se interessava por arte. Na 5ª série do ensino fundamental, descobriu o graffiti e decidiu que queria fazer isso, o que viria a se realizar em 2007.  “Graffiti é um trampo que você faz e não tem dono,  um filho que você solta. Todo mundo pode ver, a galeria está exposta”, diz.

Os primeiros passos de Rodrigo foram inspirados em trabalhos estrangeiros. Apesar de continuar admirando graffitis de outros países e cidades, principalmente os de São Paulo e Salvador, cuja riqueza cultural é refletida diretamente no trabalho dos graffiteiros, Rodrigo passou a se desprender de alguns modelos e a buscar criações próprias. A busca por esse estilo próprio refletiu até mesmo em sua assinatura: antigamente, assinava suas artes como “Esy”, porém, procurando algo mais simples, característico e menos influenciado pela cultura norte-americana, adotou o codinome “Simplez”.
Antes de mais nada, Rodrigo alerta que o graffiti não é de cunho comercial. Para ele, é uma arte desprendida que deve ser feita somente na rua ou não tem valor.  Seu primeiro graffiti foi simples: uma idéia posta num desenho, um saco de tinta em pó, bisnaga e um spray. Foi assim que Rodrigo engatinhou para a arte urbana. Em sua opinião, o elevado preço dos materiais não é um empecilho quando o assunto é graffitar. Até tinta guache serve.
Muitos grafiteiros adaptam o espaço à arte que desejam fazer. Sempre buscando coisas novas, Rodrigo se inspira em momentos cotidianos, ao observar uma revista, cena de um filme, inclusive ao reparar na expressão facial de alguém que cruzou seu caminho, diferenciando seu processo de criação dos demais artistas urbanos.  Ele escolhe um muro, prepara o desenho, servindo como base, e começa a deixar sua marca nas ruas.
Do início ao fim, o graffiti é uma prática prazerosa. O resultado é de grande expectativa, mas, o melhor momento é ver a arte se desenvolvendo, principalmente se for uma atividade em grupo, onde cada um compartilha ideias, brinca e a criação flui mais leve e divertida. Música é fundamental durante o processo, mas só depois das marcações serem feitas no muro, já que é preciso concentração nesse momento.
O graffiti é um dos elementos do hip hop e, com isso, um bom rap não pode faltar. Rodrigo ouve Criolo, Emicida, mas, como um autêntico nordestino, não deixa de apreciar forró. Até death metal está em seu repertório. No entanto, o que realmente influencia a trilha sonora de seu trampo é a vibe do momento.
Com uns rabiscos aqui e ali, Rodrigo montou um personagem caolho num muro localizado na Avenida Comendador Gustavo Paiva, próximo ao Lar São Domingos, em Cruz das Almas. O muro também foi graffitado por outras pessoas de seu grupo numa manhã de domingo. Segundo Rodrigo, sempre que tem material, ele vai à rua para graffitar, às vezes chegando a dez trampos por mês. Até hoje, ele ainda não se considera como artista. É apenas um pintor, que aprecia todos seus trampos, à espera de um graffiti para ser eleito o melhor de sua trajetória. 

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